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Uruguaiana RS

A caminho de Buenos Aires queremos conhecer Uruguaiana, uma cidade no extremo sudoeste do Rio Grande do Sul e na prática fronteira de três países: Brasil, Uruguai e Argentina.

Ventos muito fortes atraíram tecnologia verde:

Parque Eólico Cerro Chato em Santana do Livramento RS.

Na foto:
deste lado é Uruguaiana,
do outro Paso de los Libres ARG

Cidade ajeitadinha, limpa, agradável. Ruas bem largas, prédios bacanas com vista para o Rio Uruguai, praças arborizadas. Descobrimos porque: é cidade planejada. A região era tão sacudida por conflitos territoriais entre Espanha e Portugal, mais tarde Argentina, Uruguai e Paraguai, que os brasileiros decidiram fincar pé. Pena que destruíram a vila antiga que havia.

Casas e casarões semelhantes a Bagé RS, como aliás em todo o sul do RS.
Calçadão central ocupado ao entardecer por grupos em torno de um chimarrão.
Nos chama a atenção de que os uruguaianenses se sentem “no lugar certo” e não “no fim do mundo”.

A ponte foi construída em conjunto: até a metade do Rio Uruguai cada um de seu lado. Mas para simbolizar a união, decidiram que o Brasil forneceria todo o cimento e a Argentina todo o ferro. Isto é, desfazer o acordo fica impossível. Nos lembrou a dinâmica do casamento.

GUERRA DO PARAGUAI


O capítulo mais dramático de Uruguaiana envolve a Guerra do Paraguai 1864-1870. E foi por ela que quisemos conhecer a região.


Solano López planejou meticulosamente uma saída para o mar, armando-se até os dentes com exército e navios de guerra para abrir caminho à força. Tentou pelo Mato Grosso, mas foi humilhado na Batalha Naval de Humaitá, perdendo homens e principalmente seus poderosos navios de guerra. A próxima investida foi no sul brasileiro. Escolheu a região de Uruguaiana para deixar claro que sua bronca era contra os três aliados: Brasil, Argentina e Uruguai.

General Estigarribia, representante de Solano López, fez seu acampamento com 9.000 homens onde hoje é a Praça Barão do Rio Branco, bem no centro de Uruguaiana.  Contra tamanha força os aliados só sabiam uma estratégia: o cerco.
D. Pedro II, acompanhado de seu genro (havia um ano) Conde D´Eu, foi pessoalmente ao local para apoiar seus combatentes. Aliás, ele o fez diversas vezes, e por diversas vezes esteve no Rio Grande do Sul.

Após um mês de cerco, o general paraguaio Estigarribia aceita os termos de rendição e entrega sua espada ao imperador brasileiro. É uma vitória parcial. A guerra duraria mais 5 anos.

A FOTOGRAFIA E A GUERRA


Pesquisando sobre os acontecimentos na região de Uruguaiana, esbarrei num texto muito interessante sobre a fotografia daquela época.

http://www.scielo.br/pdf/rbh/v19n38/1005.pdf

Até o início da Guera do Paraguai, a fotografia estava restrita às cidades, aos estúdios fotográficos, aos que tinham dinheiro para pagar esse luxo. Com o início dos combates, desenvolve-se rapidamente a troca do “cartão de visita” até de simples soldados, que assim se faziam lembrar aos grandes comandantes. Enxames de fotógrafos anônimos seguem de batalha em batalha, encarando a vida rude dos acampamentos. Precisavam de mais tecnologia: as máquinas fotográficas deveriam ser mais leves, os equipamentos mais resistentes a calor, seca e umidade, a revelação mais urgente.


Esses cartões de visitas não são mais feitos em estúdios com painéis artificiais, mas ao ar livre, em meio à vida cotidiana. Muitos soldados pedem para serem fotografados em frente às suas tendas, ou na “rua do comércio” quando um acampamento permanecia estacionado por muito tempo, ou até ao lado de um prisioneiro. Sem saber, os fotógrafos registram detalhes que de outra forma permaneceriam desconhecidos.


Fotos de soldados tornam-se dramáticas mesmo quando fora do combate, porque muitas delas foram feitas horas antes da sua morte na guerra ou por doença. São a lembrança para familiares de 50.000 brasileiros que nunca retornaram.

Antes de partir para a guerra.


                                                              Típico “cartão de visitas”.


Provando seu heroismo com prisioneiro paraguaio.

Depois de tudo que li e vi, não achei resumo melhor para a Guerra do Paraguai do que a representação abaixo, apesar de se referir ao grito por libertação das ditaduras latino-americanas.

D. Pedro II não resiste à pose de homem fardado para sinalizar “Sou um combatente como vocês”. 

Monte de cadáveres paraguaios.

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